Texto do programa

Qual a falta que nos move...? Que ausência é essa que nos impulsiona à ação? Mobiliza nosso desejo, e nos leva a formular perguntas? Provavelmente não existe uma única resposta, cada um , em casa tempo encontra ou busca suas respostas. Nesta experimentação teatral, a resposta aparece no instante, no tempo presente da ação, no que está "entre", no que se entrevê, na ponte que se estabelece no diálogo, nas relações, no movimento, nas histórias que contamos e contam pra nós, nas histórias que nos formam, na memória, na tênue divisão entre verdade e mentira, ou pontos de vista, entre o que é real e o que é ficcional, entre o que é a pessoa e a pessoa que os outros vêem em nós, será isso um personagem? Nós nos deixamos levar pela vontade de cruzar fronteiras, e estamos tentando olhar pelos buracos das nossas fechaduras sem saber se o que veremos é inventado pelo nosso desejo ou é a realidade que se projeta em nós. Como um jogo, iniciamos a partida e deixamos ela nos contagiar.
Christiane Jatahy

Convite feito aos espectadores no programa do espetáculo


Qual a diferença de percepção que temos em uma família ou grupos sobre os mesmos fatos vividos? O que é real ou o que é ficcional? Escreva no verso do seu guardanapo; memórias, desenhos, depoimentos, causos familiares ou relatos inventados. As histórias ficarão expostas, algumas poderão ser incorporadas a peça.

Opiniões

"Christiane Jatahy leva o teatro ao seu mais alto papel. Sem hermetismos nem fórmulas esgotadas, esse naturalismo experimental seduz o público e o leva a um grande salto conceitual quando o faz compartilhar a angústia pela busca do tempo perdido. Os atores complementares ágeis como um caleidoscópio, nos dão saudade assim que termina o espetáculo, que é para se guardar na memória, como um momento precioso."
Sergio Salvia Coelho - Crítico da Folha de São Paulo

"O elenco mantém, em alto diapasão o tênue limite entre interpretar e dar um depoimento, num permanente e ambíguo jogo que visa nos deslocar, simultaneamente, para as condições de voyeurs e espectadores. Um espetáculo inesquecível."
Edécio Mostaço - Crítico de teatro - Festival Internacional de São José do Rio Preto

"De uma forma magnífica desaparecem as fronteiras entre a aparência e o ser, entre ficção e os fatos, entre o teatro e a realidade. Tudo isso realizado com uma leveza e profundidade que acordam todos os nossos sentidos."
Peter Jarolin - Kurier - Wertung (Vienna) 4 estrelas

"Jatahy subverte em seu trabalho sobre a crise de sentido da classe média brasileira o olhar do teatro burguês e liberal europeu. A peça aparece como uma mistura de estética de telenovela e estilo de teatro belga à la Tg. Stan num virtuosismo técnico surpreendente, sem deixar de ser tocante. O texto traz complexas camadas de discurso político, que abordam a tendência de se escapas para o privado e se revela bastante vivo".

Helmut Ploebst, Der Standard (Vienna/Berlin)